O curso de química estuda a composição, estrutura e propriedades da matéria, suas mudanças durante as reações químicas e sua relação com a energia.
Para compartilhar sua rotina nesse curso, trazemos hoje uma entrevista com Letícia Saldanha Martins, graduanda de Química na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
1- Por que escolheu o curso de Química?
Eu gostava de química no ensino médio e nenhuma outra coisa que eu gostava, como música, me daria boa remuneração.
2– Na prática, sua visão sobre o curso mudou? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
Sim, mudou muito. Bom, eu faço química na UNICAMP. O primeiro semestre foi amedrontador e muito puxado, exceto por cálculo, que eu gostava muito. O que me deu forças pra continuar no curso foram os laboratórios e a expectativa pra começar a fazer matérias de físico-química, que são as minhas preferidas. No segundo semestre eu peguei uma eletiva na biologia sobre história do mundo e foi bem legal! Mas nesse semestre me dei um pouco mal nas matérias e me senti muito desmotivada. Porém, eu ainda estava entre as 10 primeiras pessoas da sala que tinham o maior CR (Coeficiente de Rendimento). No terceiro semestre, só piorou. Pensei até em largar o curso e fazer psicologia. Tive as matérias mais difíceis do curso e acabei reprovando uma delas. Minha primeira reprovação em toda a minha vida. Foi difícil, mas estou fazendo essa matéria novamente agora no quarto semestre e consegui recuperar e fechar na P2. Nesse semestre estou fazendo somente matérias do IQ (Instituto de Química) e também comecei uma iniciação científica na área de espectroscopia Raman, o que me faz sentir muito mais motivada e, de certa forma, me faz gostar um pouco mais do meu curso.
3 – Quais os principais benefícios e dificuldades de fazer esse curso?
Os benefícios consistem no conhecimento sobre o funcionamento do mundo e a futura remuneração. Além disso, IQ-UNICAMP é o melhor IQ da América Latina e nós somos “credenciados” pela Royal Society of Chemistry. Isso é um status e tanto!
A principal dificuldade aqui é – ironicamente – a dificuldade. As matérias são bem puxadas e às vezes é muito difícil alcançar a média 5. Somos cobrados para analisar artigos, propor novos experimentos, fazer prova toda semana, fazer relatórios em um nível acima do acadêmico, obter resultados na iniciação científica… Tudo isso aliado a um período de aulas integral.
4- Quais as principais características que você acredita serem necessárias para quem escolher esse curso?
Ter certa afinidade com matemática e querer saber como funcionam os fenômenos do mundo são características necessárias. Muita gente ingressa em química achando que a matemática é “mais leve” do que nas outras exatas, mas não é bem assim. Tem cálculo, física, físico-química, quântica… E tudo demanda matemática avançada. Claro que tem a parte da química que não demanda nada disso, mas as pessoas que entraram comigo e odiavam matemática acabaram desistindo do curso, ou reprovando as matérias mais exatas diversas vezes.
5- Gostaríamos que você desse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão.
A remuneração do curso é boa, tem muita demanda de profissional, o mercado de trabalho é bem amplo, as possibilidades em especialização são muitas, o deslumbramento ao descobrir em cada aula o motivo do acontecimento de cada fenômeno é impagável, é muito útil em todas as áreas da vida (você entende como funciona até aquelas receitas caseiras que a tua avó faz pra melhorar a tua dor de estômago), o contato com novas tecnologias e o desenvolvimento delas. Além disso, aqui na UNICAMP você pode se formar em 3 modalidades diferentes: Bacharelado, bacharelado com atribuições tecnológicas e licenciatura. No caso do bacharelado com atribuições tecnológicas, você se forma e pode fazer quase tudo o que um engenheiro químico faz, o que aumenta ainda mais o leque de oportunidades e o salário, é claro!
Agradecemos muito à estudante Letícia Saldanha Martins por essa esclarecedora e sincera entrevista.
