Redação no Enem: Respostas aos Leitores

No texto de hoje responderemos perguntas e elucidaremos dúvidas enviadas por leitores do portal InfoEnem.

Começaremos com a mensagem enviada pelo Daniel Bartolomeu e aproveitamos para agradecê-lo pelo contato e pelo elogio à nossa apostila (clique aqui para conhecê-la ) de redação. O Daniel aborda a questão do tipo de letra e ressalta que leu no nosso material a afirmação de que, na verdade, tanto faz se o candidato escreve a redação com letra cursiva ou de forma, mas ele tem dúvidas sobre a sua caligrafia, já que mistura os dois tipos e pergunta se isto configura desvio gramatical e, portanto, se há problemas em redigir desta maneira.

Daniel, escrever misturando letras cursivas e de forma não configura desvio gramatical, pois gramática não tem a ver com caligrafia, pois gramática é um conjunto de regras e prescrições que ditam o que é considerado correto na língua escrita e falada em termos de morfologia e sintaxe. Não vemos como um problema misturar estes dois tipos de letras em escrever uma redação no Enem ou em qualquer outro exame ou vestibular, pois desconhecemos qualquer item de correção que avalie o tipo de letra utilizado pelo candidato.

O importante em relação a esta questão é que a letra seja legível, independente do tipo usado, se cursiva, técnica ou de forma ou, ainda, na mistura de dois tipos. O texto deve ser legível para que os corretores o avaliem da maneira mais justa possível, já que uma letra ilegível compromete o bom entendimento da redação. Você deve atentar-se, por exemplo, se escreve corretamente cada letra, pois há pessoas que não “fecham” o “a” e/ou o “o”, por exemplo, que não diferenciam o “m” do “n” dentre outros problemas e isso prejudica a leitura fluída que todo o texto deve ter.

Portanto, apenas para reforçar, o fundamental em relação a letra é escrever de maneira legível. Sugerimos que, além de seus professores, outras pessoas leiam seus textos e opinem acerca da letra.

A próxima mensagem que abordaremos é a da Paula de Mello e, desde já, a agradecemos pelo contato e pela confiança. A Paula nos contou uma situação pela qual passou:

Olá!
Meu nome é Paula e eu tive um sério problema com uma redação.
Fiz um simulado Enem e o tema da redação era sobre a “juventude violenta no Brasil”. Porém, os textos de apoio não passavam de notícias de jornais sobre criminalidade com jovens e tínhamos que fazer uma redação sobre isso.
O meu problema foi que esse é um assunto muito amplo e há diversas coisas que podemos dizer sobre ele e eu me perdi nisso. Não sabia se falava sobre maioridade penal, sobre a falta de oportunidades, black blocs, do tráfico de drogas… Enfim, gastei muito tempo pensando no que ia escrever.
Então a minha dúvida é sobre isso. Nos casos em que os temas são muito amplos, qual é a dica para fazer uma boa redação? Obrigada.

 
Paula, é difícil para nós avaliarmos a proposta de redação descrita sem lê-la, mas de acordo com o seu relato, a coletânea de textos motivadores era composta por notícias sobre crimes envolvendo jovens e para cumprir o tema “Juventude Violenta no Brasil”, pensamos que o ideal seria você prestar atenção aos tipos de crimes abordados pelas notícias que compunham a coletânea (furtos, assaltos, tráfico de drogas, homicídios etc), pois toda proposta de redação “recorta” o tema em um viés. Caso não haja menção às depredações ocorridas em manifestações, por exemplo, citar os black blocs não seria uma boa estratégia.

Acreditamos que este tema não seja tão amplo como você colocou, pois trata-se de um grupo específico – os jovens brasileiros – fazendo algo também específico – envolvendo-se na criminalidade – e, na sua mensagem, há a presença de aspectos fundamentais a esta questão: falta de oportunidades (na escola e de trabalho, já que a maioria dos jovens que entram para o mundo do crime são de camadas sociais mais humildes que, infelizmente, não têm acesso à educação de qualidade e, consequentemente, não conseguem competir de igual para igual com os jovens oriundos das camadas mais abastadas) e a discussão em torno da maioridade penal.

Ambas estão relacionadas, já que muitos defendem que o que precisa ser ajustado é a condição de vida – que envolve saúde, alimentação, moradia, educação, lazer etc – dos jovens e não a maioridade penal; já há muitos outros que pensam que se, com dezesseis anos, o adolescente pode votar, por exemplo, ele pode assumir as consequências dos seus atos e, ainda, existem aqueles que defendem as duas questões: melhoria na qualidade de vida e diminuição da maioridade penal.

Desenvolver este tema em cima destas duas questões, por meio da sua opinião, é uma boa estratégia. Em casos de propostas de redação cujos temas são muito amplos, primeiramente temos de dizer que, normalmente, são propostas mal elaboradas justamente por serem vagas demais e o aluno fica sem saber direito, como você, o que fazer. Nestas ocasiões, selecione um aspecto do tema o qual ache relevante e escreva mais especificamente sobre ele, relacionando-o, obviamente, ao tema.

A próxima – e última mensagem – é da Scárlate Falconi. Obrigada, Scárlate pela sua mensagem! Ela questiona se é permitido terminar uma dissertação-argumentativa com uma pergunta.

A resposta é “sim”, Scárlate, desde que fique claro o objetivo de fazer com que o leitor reflita sobre a questão colocada na conclusão de seu texto. Perguntas que finalizam redações, geralmente, têm o intuito de fazer com que o leitor pense e reflita sobre ela e, assim, demonstram este desejo do autor.

Esperamos ter elucidado estas dúvidas e aguardamos mais mensagens de vocês, leitores, cuja participação é de extrema importância para nós.

Até mais!

 


*CAMILA DALLA POZZA PEREIRA é graduada e mestranda em Letras/Português pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Atualmente trabalha na área da Educação exercendo funções relacionadas ao ensino de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi corretora de redação em em importantes universidades públicas. Além disso, também participou de avaliações e produções de vários materiais didáticos, inclusive prestando serviço ao Ministério da Educação (MEC).

**Camila também é colunista semanal sobre redação do infoEnem. Um orgulho para nosso portal e um presente para nossos milhares de leitores! Seus artigos serão publicados todas às quintas-feiras, não percam!

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2 comments
  1. Sobre misturar letra de forma com letra cursiva…

    Acho que o Cespe UNB avalia esse “desvio do padrão” pelo quesito ESTÉTICA.

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