Maria Quitéria – a Mulan do Brasil

Você se lembra da história da Mulan? Ela foi uma guerreira chinesa que se disfarçou de homem e lutou bravamente para a libertação de seu país, sendo retratada pelos estúdios Disney, em um filme animado de 1998. A história dela sempre inspirou muitas pessoas ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil; o que a maioria da população não sabe é que nós temos nossa própria Mulan, que mudou a história: vamos falar mais sobre a grande Maria Quitéria!

Quem foi Maria Quitéria?

Maria nasceu em Feira de Santana, região localizada no atual estado da Bahia, e não há indícios concretos sobre sua real data de nascimento. Filha do português Gonçalo Alves de Almeida e de Quitéria Maria de Jesus, teve dois irmãos; eles perderam a mãe quando Maria tinha por volta de 10 anos de idade. Enquanto moradora do interior, como muitas mulheres, ela não teve acesso a educação formal, sabendo apenas como assinar o seu próprio nome; apesar disso, fontes indicam que Maria era muito inteligente e sagaz. Outro ponto interessante é que, sendo uma mulher do campo, ela também dominava o uso de armas – usadas, de acordo com fontes, para caça e também contra indígenas da região.

Em 1821, o liberalismo (exportado de Portugal) já era uma realidade dentre os grupos políticos não dominantes do Brasil, e ascendia cada vez mais não apenas na região baiana, mas até mesmo no Rio de Janeiro. As revoltas que tinham como objetivo o alcance da independência, ficavam cada vez mais intensas, principalmente na região em que a história de Maria se passa. Em 1822, na fazenda de Gonçalo, ocorreu a visita de um emissário buscando por voluntários para lutarem junto ao exército pró-independência. Como chegou perto da hora do jantar, o emissário se juntou a família durante a refeição e explicou mais sobre os motivos da convocação – Gonçalo, no entanto, salientou que não tinha filhos homens para encaminhar ao exército, e ele mesmo já estava velho demais para lutar. Quem se encontrava na mesa durante a conversa foi Maria, que observou a situação com entusiasmo, ao contrário de seu pai. Sendo assim, após o jantar, ela correu até a casa de sua irmã e compartilhou seu desejo de lutar em prol da independência. Sua irmã, casada e com filhos, também queria lutar, mas em virtude de tais fatos, não o fez; no entanto, deu algumas roupas de seu marido para Maria, que disfarçada de homem, conseguiu entrar para o exército pró-independência. Seu novo nome? José Medeiros.  

O Batalhão do Príncipe, ou Batalhão dos Periquitos (como ficaram conhecidos em virtude dos uniformes usados) foi integrado por Maria durante aproximadamente um ano; o disfarce dela foi descoberto rapidamente, mas apesar disso ela não foi retirada do posto – somente lhe pediram que usasse saiotes junto da farda…

Maria foi recebida pelo próprio imperador algum tempo depois de tanto lutar, ganhando a Imperial Ordem do Cruzeiro, e depois voltou para a Bahia, aclamada como heroína. Apesar do destaque dado para ela, devemos lembrar que pouquíssimas mulheres tiveram tal oportunidade, a própria irmã de Maria exemplifica isso. O período colonial e o póstumo imperial, foram inflexíveis com as mulheres, abrindo raras exceções como no caso da heroína estudada – que ainda necessitou se vestir como um homem para ter a oportunidade de lutar

Muita gente nunca ouviu falar de Maria, isso é algo muito triste, figuras lendárias como essas merecem lugar de destaque da história do Brasil. Esse destaque chega aos pouquinhos, um exemplo disso é que Maria já foi tema de questão do ENEM! Agora que você sabe mais sobre quem foi ela, vamos resolver essa pergunta?

Questão do Enem – 2019

Entre os combatentes estava a mais famosa heroína da Independência. Nascida em Feira de Santana, filha de lavradores pobres, Maria Quitéria de Jesus tinha trinta anos quando a Bahia começou a pegar em armas contra os portugueses. Apesar da proibição de mulheres nos batalhões de voluntários, decidiu se alistar às escondidas. Cortou os cabelos, amarrou os seios, vestiu-se de homem e incorporou-se às fileiras brasileiras com o nome de Soldado Medeiros.

GOMES, L. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.

No processo de Independência do Brasil, o caso mencionado é emblemático porque evidencia a

a) rigidez hierárquica da estrutura social.

b) inserção feminina nos ofícios militares.

c) adesão pública dos imigrantes portugueses.

d) flexibilidade administrativa do governo imperial.

e) receptividade metropolitana aos ideais emancipatórios.

Alternativa correta – A

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