Guia de Profissão 2013: Ciência da Computação

O curso de ciência da computação estuda o conjunto de técnicas e conhecimentos que possibilitam a criação de programas de computador. Assim sendo, o bacharel em Ciência da Computação tem a capacidade de, após analisar as necessidades dos usuários, desenvolver programas e aplicativos, gerenciar equipes de criação e instalar sistemas.

Como a computação, no contexto atual, é fundamental em qualquer ramo da economia, esse profissional tem uma gama de possíveis clientes absolutamente interminável, já que está capacitado para desenvolver desde programas básicos de controle de estoque até os mais complexos sistemas de processamento de informações.

Presente em todos os setores, também dá assistência aos usuários, mantém redes de computadores em funcionamento e assegura as conexões com a internet. Em indústrias e institutos de pesquisa, implanta bancos de dados e instala sistemas de segurança para as operações de compra e venda pela rede.

Enfim, uma área cuja abrangência é imensa, visível e inegável.

 

Média Salarial inicial
Segundo o prof. Maurício Nacib Pontuschka, da PUC-SP, o salário médio inicial fica na faixa entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00.

 

Onde estão os melhores cursos?
De acordo com o Guia dos Estudantes 2012, estes são os melhores cursos de ciência da computação do país.

 

Entrevista

Para conhecer mais sobre as possibilidades de um cientista da computação e sobre o respectivo curso, convidamos para uma entrevista Tiago Rinck Caveden, Bacharel em Ciência da Computação pela UNICAMP e Mestre em Sistemas de Informação pelo INSA de Lyon (França). Tiago atualmente reside em Sophia-Antipolis (França), onde é analista de TI na empresa Docapost-BPO.

1- Porque escolheu Ciência da computação?
No final do ensino fundamental, estava convencido de que queria estudar no Colégio Técnico da Unicamp de Campinas (COTUCA). Dos cinco cursos disponíveis, “Informática” (Processamento de Dados) me pareceu o mais interessante. Prestei o vestibulinho e passei. Confesso que não sabia muito bem no que estava embarcando, mas ao longo do curso vi que tinha afinidade justamente pela parte mais técnica. Achei a programação algo bastante interessante, e percebi que tinha mais facilidade com as disciplinas técnicas do que com todas as outras do núcleo básico do ensino médio.

Ao final do curso técnico, consegui um bom estágio numa empresa de Campinas (MATERA Systems), na qual continuei trabalhando por mais de 5 anos. Também logo após terminar o ensino médio tentei entrar na UNICAMP e na USP. Falhei em ambas. Mas não me deixei desanimar. Usei parte do meu salário de estagiário para financiar um bom cursinho pré-vestibular, e um ano depois, consegui entrar no curso de Ciência de Computação da UNICAMP.

Escolhi esse curso superior porque na prática já estava trabalhando nessa área. O bacharel me permitiria expandir meus conhecimentos, assim como obter um bom diploma para certificá-los.

OBS: Escolhi computação “por acaso”, para entrar no COTUCA, e acabei me identificando com a profissão.

2 – O que achou do curso? Cite as principais dificuldades encontradas ao longo do mesmo.
Todo bom curso superior tem como objetivo te dar as bases, assim como te abrir todo o “leque” de oportunidades da área em questão. Fica a cada estudante de escolher qual caminho seguirá dentre os vários possíveis.
Eu já tinha meu caminho um tanto quanto definido pelo meu emprego. Isso não me impediu porém de aproveitar do curso. Embora o curso técnico que eu tinha feito me tenha sido de enorme utilidade, por razões óbvias ele não é capaz de fornecer todas as bases teóricas que um bom curso superior de computação pode fornecer. Aprendi mutias coisas interessantes na UNICAMP. Claro que apenas uma pequena porcentagem acaba sendo usada no dia a dia profissional, mas acredito que a base teórica tem sua importância.

A minha principal dificuldade foi tocar, em paralelo, a faculdade e o emprego. Quem escolhe esse caminho tem que se preparar para anos de labuta, pouco descanso, e falta de tempo para lazer e atividades pessoais. Em geral, empresas de computação tendem a serem liberais com os horários. O meu empregador, felizmente, permitia uma flexibilidade de horário considerável, além de uma carga horária de “apenas” 30 horas por semana. Isso facilitou muito minha vida. Recomendo fortemente àqueles que queiram tocar um curso noturno de computação em paralelo a um emprego diurno, de ao menos buscarem um empregador similar, se possível. Manter um emprego ao mesmo tempo que estuda tem suas vantagens: o dinheiro na conta, a sensação de maior independência, e principalmente poder sair da faculdade com anos de experiência já acumulada no currículo, são boas vantagens. Mas, honestamente, não sei se é algo que recomendaria. Tenho a impressão que talvez eu poderia ter aproveitado melhor os primeiros anos de faculdade se não tivesse que trabalhar em paralelo.
Além dessa limitação de tempo, claro que tive dificuldades com o curso em si. Professores sádicos, matérias infernais que ninguém merece (Física 3! Pra quê!?), e outras coisas típicas. Mas acho que isso é comum a qualquer curso superior.

3 – Uma das dúvidas mais comuns entre os vestibulandos é a diferença entre ENGENHARIA da comutação e CIÊNCIA da computação. Poderia nos esclarecer?
Não é à toa que essa dúvida seja comum: as diferenças práticas são, de fato, poucas!

No Brasil, para poder ser chamado de engenheiro, o indivíduo deve estudar uma série de matérias do núcleo básico de engenharia. Mesmo um engenheiro de computação é obrigado a estudar coisas como resistência de materiais, termodinâmica, química, física quântica, entre tantas outras coisas que não tem absolutamente nenhuma relação com computação. Pra ser bem sincero, mesmo o curso de Ciência da Computação tem uma boa dose de matérias inúteis (já ouviu falar de Física 3?). Mas o curso de engenharia ganha de lavada nesse quesito. Em compensação, o título de engenheiro – pouco importa qual – oferece algumas vantagens, como por exemplo o privilégio de poder se filiar à guilda do CREA, e – diz a lenda – de poder projetar uma pequena construção.

No que diz respeito às matérias de fato relacionadas à computação, ambos os cursos são muito similares.

No meu caso em particular, escolhi Ciência da Computação por duas principais razões:

1. Não vi interesse em estudar todas as matérias do núcleo de engenharia.

2. Queria poder preservar meu emprego – uma vez que a gente experimenta o gostinho de ter seu próprio salário, é difícil largar! – e a UNICAMP, melhor universidade na cidade onde eu já trabalhava, só tinha curso de engenharia de computação diurno, e ciência noturno.

No que diz respeito à carreira profissional em quanto profissional da área de computação, não há nenhuma diferença prática entre um diploma de engenharia ou de ciência (da mesma universidade). O trabalho e o salário serão basicamente os mesmos. Digo, depende muito mais do indivíduo do que dessa diferença entre os cursos.

4 – Como é exercer a profissão de cientista da computação? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
Como toda profissão, tem seus altos e baixos, vantagens e desvantagens. Para um observador externo, talvez a rotina de um profissional de computação típico pareça um tanto quanto entendiante. Passamos horas por dia na frente de um computador em um escritório onde dezenas de outras pessoas fazem o mesmo. Claro, há reuniões, interações tanto profissionais quanto não profissionais nas pausas para o café, almoço, happy-hour etc. Mas passamos a maior parte do dia em frente a um monitor.

Porém, para quem não se incomoda com isso, a profissão pode ser bastante interessante. O profissional de computação deve diariamente transformar em software os desejos de pessoas que sequer sabem realmente o que querem. Tentar entender seus clientes já é um grande desafio e exercício mental. Transformar isso num software é um exercício de criatividade. Você deverá saber criar, visando não só a satisfação do cliente, mas também a qualidade do produto – um software mal feito implicará retrabalho futuro, estresse, além de má imagem tanto face aos clientes quanto face a teus empregadores. É uma profissão que te permitirá exercitar constantemente tua mente. Na verdade, te exigirá: um profissional de computação é um aprendiz eterno, pois o mundo e as ferramentas com as quais trabalhamos evoluem rapidamente.

Além do permanente exercício intelectual, a profissão oferece outras vantagens: relativa liberdade de horário, alta mobilidade (quer emigrar? seja um bom profissional de computação e conseguirá), boa empregabilidade, salários decentes, possibilidade de trabalho remoto etc.

5- Neste momento econômico, qual a sua opinião em relação ao mercado de trabalho e as oportunidades para os profissionais da sua área?
Faz anos que não vivo no Brasil, então ignoro um pouco a realidade atual do país. Mas em geral, no mundo todo, essa é uma profissão em falta de profissionais de qualidade. Nunca fiquei desempregado, e tenho certeza de que se for demitido amanhã, não terei dificuldades para encontrar um emprego. Em outras palavras, é uma boa área!

Além de ser uma área onde dificilmente um profissional ficará desempregado, é também uma boa área para aqueles que têm a intenção de empreender. Como tudo é novo no mundo da tecnologia, o mercado em si ainda é razoavelmente livre, desregulamentado e competitivo, ao menos em comparação com diversos outros. Isso abre as portas para bons empreendedores. É bem possível que o mercado não continue tão livre por muito tempo – já é, certamente, bem menos hoje do que algumas décadas atrás – mas enfim, sempre há oportunidades.

6 – Quais as principais características que você acredita serem necessárias para aqueles que cursam Ciência da Computação e/ou exercem a profissão?
Não se sentir intimidado por computadores, gostar de e ter facilidade com lógica, não ter problemas com “emprego em escritório” (sentado a maior parte do dia em frente a um computador), gostar de criar sistemas/construir coisas etc.

7- Gostaríamos que desse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão. Fique a vontade!
Se você não precisa se decidir imediatamente, aconselho servir-se da internet para buscar tutoriais de programação que visam jovens adolescentes sem uma formação teórica na área (mesmo que você já não seja mais tão jovem assim). Isso te permitirá ter um gostinho antecipado do que significa programar. Infelizmente nenhum currículo de ensino médio não-técnico ensina programação, o que implica que, no momento de fazer sua escolha, muitos futuros estudantes universitários sequer tem ideia do que estão escolhendo. Para atenuar esse problema, sites como Code.org ou CodeAcademy podem ser de grande ajuda. Passe algumas tardes tentando programar coisas básicas, e veja por si mesmo se isso te interessa. Esses dois sites que citei são apenas exemplos, com um pouco de Google-Fu você certamente encontrará outras fontes. Falando nisso, saber se servir do Google é fundamental! No dia a dia não temos tempo para estudar livros inteiros para cada pequeno problema que enfrentamos. Mas quase sempre alguém já enfrentou o mesmo problema e registrou a solução publicamente. Saber encontrá-la rapidamente é de grande serventia. E para poder fazê-lo, domínio da língua inglesa é imperativo. Se você deseja tornar-se um profissional de computação, tem que ser capaz de se virar com o inglês.

Espero ter ajudado!

Uma última mensagem a todos os vestibulandos: coragem! Não desanimem… é uma fase árdua, mas dura pouco, então vale a pena se dedicar ao máximo.

Grande abraço,
Tiago.

Gostou da entrevista? Então se acalme que ainda tem mais! Como o próprio entrevistado afirmou, buscar informações em sites específicos na internet é fundamental. E logicamente não iríamos deixar você na mão neste momento. Veja abaixo os sites (nacionais) que podem lhe trazer importantes informações a respeito da área, bem como as duas páginas estrangeiras citadas pelo Tiago.

E lembre-se, semana que vem traremos mais uma carreira em nosso guia de profissões 2013!

http://www.cienciasdacomputacao.org/

http://www.estudarcomputacao.com/

http://www.fernandovaller.com/blog/52/ciencia-da-computacao-sistemas-de-informacao-ou-engenharia-da-computacao

http://cienciaecomputacao.blogspot.com.br/

http://code.org/

http://www.codecademy.com/

 


*Nossos agradecimentos ao profissional Tiago Rinck Caveden, que mesmo fora do Brasil e com tantos compromissos atendeu ao nosso pedido e forneceu esta belíssima entrevista.

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7 comments
  1. Tenho dúvidas se esse é um bom curso. Fico pensando se vale a pena fazer um curso de 4 a 5 anos, e muitos cursos tem apenas cadeiras genéricas de programação de fato (tipo “Programação 1”), sem falar em uso de linguagens obsoletas. Tem gente que aprende a programar sema faculdade, seja por conta ou em cursos específicos, e produz muito mais do que a galera que mofa durante anos na facu.

    1. vc não vai pra faculdade só pra aprender a programar. isso vc aprende sozinho.
      CC é muito mais do que sua mete pode abstrair…

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