Entendendo o conceito de CRASE

Horário de versão e a concordância

Crase ‘pra’ que?

Antes de chegar a uma resposta para essa questão, vamos esclarecer um ponto importante:

Crase NÃO é o acento que colocamos sobre o A!

Então, é o quê, afinal? Bem, para entender o conceito, vamos fazer uma ‘regressão’ para conhecer a origem do termo:

CRASE vem da palavra grega κράσις (krásis), que significa ‘fusão’, ou seja, a junção de elementos e, no caso específico da Língua Portuguesa, a junção de duas vogais iguais. Pode ocorrer ao longo da evolução das palavras (num recorte diacrônico do idioma), como observamos na passagem de algumas palavras do Latim ao Português:

Color> coor> cor (pela fusão dos dois ‘o’)

Ou ainda num recorte sincrônico (observando só a versão atual do idioma), quando ‘encavalamos’ as duas vogais e pronunciamos só uma:

“Querida amiga” acaba sendo pronunciado “queridAmiga” – essa é a crase no plano da sonoridade.

Existe também a crase na poesia. Quando separamos as sílabas poéticas de um verso (a chamada ‘escansão’ do verso), pode ocorrer de duas vogais, uma tônica e uma átona, de palavras diferentes, ficarem na mesma sílaba. Observe estes versos de Vinícius de Moraes:

(…) Mai/o/r a/mor/ nem/ mai/s es/tra/nho e/xis/te
Que o/ meu/, que/ não/ so/sse/ga a/coi/sa a/ma/da (…)

Aqui temos duas crases, o final de ‘sossega’ que ‘gruda’ no artigo ‘a’ e o final de ‘coisa’ que emenda com o início de ‘amada’.

Agora, a crase que tira o sono de muita gente é a crase gramatical. Essa pode ser a fusão:

  • da preposição A com o artigo A; ou
  • da preposição A com o pronome demonstrativo A; ou ainda
  • da preposição A com a primeira letra dos pronomes demonstrativos AQUELE(S)/ AQUELA(S)/ AQUILO.

Podemos então responder à (crase!) pergunta inicial, ou melhor, reformular a pergunta inicial e então responder:

Acento grave ‘pra’ quê? Para indicar que ali existem duas letras iguais que se fundiram e passamos a escrever e a pronunciar como se fosse somente uma (sim! Pronunciamos como uma só!!! Não fale ‘vou AA feira’, pois já fundimos as duas justamente para ‘economizar o esforço’ de pronunciar duas coisas iguais!)

Esclarecidos os fundamentos – a diferença entre o conceito e o acento, já estamos aptos a passar para os casos práticos… na próxima semana!

Até a próxima!

 

 

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