“Chego ou chegado? Impresso ou imprimido?” Qual está certo?

Vamos hoje tentar elucidar uma das dúvidas mais frequentes entre os alunos… “Quando devo usar ‘tinha chego’? E ‘tinha chegado’? ” “O certo é impresso ou imprimido? ”

Como nos artigos passados, vamos buscar a raiz do problema! Existem, em Língua Portuguesa, alguns verbos classificados como verbos abundantes. Isso quer dizer que tais verbos apresentam, em algum ponto da conjugação, duas formas possíveis, na maioria das vezes no particípio.

Existe, então, o particípio regular, com desinência ‘-ado’ ou ‘-ido’, como nos verbos:

comprar / comprado
vender / vendido
partir / partido
Também existe o particípio irregular, sem uma desinência específica, mas sempre mais curto do que o regular:

fazer – feito
escrever – escrito

E existem verbos que apresentam os dois! Um ‘longo’ e outro ‘curto’! Esses são os tais abundantes!

Entre os verbos que apresentam duplo particípio, podemos citar:

 

  • Aceitar – aceitado / aceito
  • Acender – acendido / aceso
  • Benzer – benzido / bento
  • Eleger – elegido / eleito
  • Entregar – entregado / entregue
  • Expressar – expressado / expresso
  • Imprimir – imprimido / impresso
  • Fritar – fritado / frito
  • Matar – matado / morto
  • Suspender – suspendido / suspenso

Esses são apenas alguns exemplos.

Bem, já sabemos da existência desses verbos generosos, que têm duas formas de particípio, agora vamos ao que interessa: Como usar? Quando usar uma e quando usar a outra forma? Podemos usar qualquer uma a qualquer momento?

O emprego não é aleatório, ou seja, não podemos usar qualquer uma das formas. Seu uso está condicionado ao verbo auxiliar com o qual eles formarão uma locução. Assim:

  • Com TER ou HAVER – particípio regular
  • Com SER OU ESTAR – particípio irregular (o ‘ mais curtinho’)

Na prática, quando a frase está na VOZ ATIVA e o verbo, conjugado num tempo composto, empregamos o particípio regular:

O fazendeiro tinha (havia) expulsado o lobo.
O fiel tinha (havia) acendido uma vela.

E quando tivermos uma frase na VOZ PASSIVA, em que se forma locução com o auxiliar ser, teremos o seguinte:

As ovelhas foram mortas pelo lobo.
A encomenda será entregue ainda hoje.

Use essas combinações MESMO QUE FIQUE ESTRANHO, como nos casos dos verbos ganhar, gastar ou pagar:

Eu tinha ganhado a aposta.
Eu tenho gastado muito tempo corrigindo provas.
A conta foi paga? Sim, o chefe tinha pagado a conta.
(às vezes as pessoas torcem o nariz para essa forma…)

Ah, eu ia me esquecendo… E quando usamos o tinha chego? E o tinha trago?

A resposta é… NUNCA!!!!

O verbo chegar não tem duplo particípio nem admite voz passiva, uma vez que é intransitivo (lembrem-se de que só podemos passar um verbo da Voz Ativa para a Voz Passiva se ele admitir um Objeto Direto), portanto será sempre “Eu tinha chegado à reunião antes do chefe.”

E o trazer só tem o particípio regular, com o ser ou com o ter:

Eu tinha trazido os livros. Os livros serão trazidos para os alunos.

É isso!

Até a próxima semana!

 


Margarida Moraes é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), onde também concluiu seu mestrado. Mais de 20 anos de experiência, corretora do nosso sistema de correção de redação e responsável pela resolução das apostila de Linguagens e Códigos do infoenem, a professora é colunista de gramática do nosso portal . Seus textos são publicados todos os domingos. Não perca!

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