Leitura, ENEM e o Mundo

Por Lilian de Souza Farias

Vivemos num mundo onde algumas exigências são de condições irrefutáveis para uma socialização efetiva. Dentre essas exigências está à leitura e a escrita. Contudo trataremos aqui, primeiramente, da leitura.

O ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio – explorara significadamente a importância da leitura. O exame mais respeitável, da atualidade, no Brasil, tem mostrado toda a sua força e consistência exigindo dos avaliados uma competência mínima: proficiência da leitura.

Quando cito o ato de ler, não me refiro a decorar nomes, datas ou acontecimentos marcantes para a humanidade. Refiro-me, sim, a uma leitura diversificada, cheia de significados reais aliados a um conhecimento de mundo, capazes de reavivar conhecimentos científicos apreendidos no âmbito escolar.

Alguns critérios são de supino valor para o candidato do ENEM: ter consciência da importância da leitura é o primeiro passo; saber o que é a leitura é outro fator essencial; materializar o habito da leitura e cultivar a tolerância da diversidade textual (poesia, crônicas, charges, histórias em quadrinho, músicas, artigos etc.); além de conhecer meios diversificados de veiculação das informações (jornais, revistas, livros, internet, filmes, panfletos, outdoors, manuais etc.).

Essa mescla de informações e conhecimentos estão, indissociavelmente, condicionadas a nossa existência num mundo globalizado e, que por vezes, é o caminho para a apreensão e resoluções de problemas. Além de acender o leitor para diversas áreas do conhecimento e expor a função social em que esses conhecimentos estão inseridos.

Para compreender melhor basta que olhemos para função social que a charge (muito utilizada no ENEM) exerce. Uma análise da personagem Mafalda, do cartunista Quino, pode ser capaz de nos fazer adentrar nas aulas de história, sociologia, filosofia, matemática, geografia e literatura para podermos abarcar a complexidade do gênero feminino na sociedade atual; o preconceito social; o comportamento humano etc.

Já a música Metamorfose, do grupo Teatro Mágico, irá exigir conhecimento de biologia, linguagem, filosofia para evidenciar que o homem é parte integrante da natureza; cheio de bactérias e que contém outros seres vivos dentro dele, pois os seres interiores, que a letra da música salienta, passa a ter duplo sentindo: biológico e psicológico.

Receber um panfleto na rua e materializar os saberes da matemática (juros, porcentagem) para não ser lesado. Lê-lo criticamente e por meio do conhecimento de mundo, da norma padrão da língua, sócio-político, cidadania e marketing apresentar juízo crítico de avaliar o respeito aos direitos do consumidor.

Identificar na poesia soluções para problemas existenciais da humanidade. Diminuir a distância geográfica por meio da internet e ter acesso a sites, blogs, redes sociais etc., capazes de entreter e informar. Ora, caro leitor, não cabe, na hora do ENEM, separar a leitura de conhecimentos específicos (história, geografia, matemática, biologia, química, física, sociologia, filosofia etc.), tão pouco conhecimentos específicos da leitura.

O ENEM cobra do aluno a capacidade de reconhecer-se como ser integrante de uma sociedade vigente e de seres pensantes. Cobra resultados de nossas ações e dos outros. Quer saber da nossa opinião, baseada em conhecimentos científicos e nas nossas ideologias. E então adentramos na temida Redação. E é lógico que sabe escrever quem escreve, mas produção textual não depende de sorte e, sim informação. Para produzir a redação do ENEM é necessário o domínio da norma padrão da língua, porém para desenvolver a argumentação do texto a informação é primordial. E como o candidato obterá informações, se não por meio da leitura? Eis que é um grande ciclo simbiótico onde o ENEM torna o candidato dependente da leitura.

 

*Lilian Farias é graduada em Letras/Português pela UPE – Universidade de Pernambuco – , pós-graduada em Linguística pela POSEAD e membro correspondente da ALTO – Academia de Letras de Teófilo Otoni. Autora do livro “Encontros para liberdade”. Colunista do site Literatura de Cabeça(http://www.literaturadecabeca.com.br/); Mágica Literária (http://www.magicaliteraria.com/). Criadora do blog Poesia na Alma (http://lilianpoesiablogs.blogspot.com.br).

**A equipe Infoenem agradece a autora e deixa nosso espaço a disposição para, quem sabe, receber mais artigos da mesma. Será, como está sendo agora, uma honra para nosso portal.

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13 comments
  1. Saul Clemente eu não gosto muito de ler , e tenho algumas dificuldades com leitura , e entendi perfeitamente o que ela quis dizer com o texto : ) Parabéns Lilian , adoro os seus trabalhos , seus textos me estimulam cada vez mais a ler !

  2. Parabéns pelas reflexões pontuadas tão lucidamente. Quem lida com as práticas de leitura, para jovens, sabe do significado das mesmas. Não basta atacarmos as pessoas pela sua postura, é necessário termos argumentos suficientemente convincentes para alargarmos o debate, torná-lo significativo.
    Avante, Lílian!!

  3. Se o texto destina-se àqueles que não gostam de ler ou possuem dificuldade de leitura, deveria ser mais claro. Pena que ela (Lilian) quis apenas dar uma de ”mestre”, ”gênio” no assunto, utilizando uma linguagem incompreensível para alguns(que não é o meu caso) somente para se achar. Ah…..tem dois errinhos de ortografia no teSto……..kkkkkkkkk. Ia esquecendo do ponto final.

  4. Muito bom o texto da professora. Gostaria que esse chegasse a todos recantos das escolas públicas e privadas. Pois, reconhecemos que os alunos de hoje não querem mais ler. Na escola do Ensino Fundamental, anos inicias onde leciono são vários os desafios que temos a superar para fazer com que os alunos leiam. Criamos várias estratégias mas nem sempre comovemos a todos. O ato de ler, o gosto e o despertar pela leitura ainda que sejam estimulados na escola, acredito que tem uma grande parcela dos hábitos de leitura formados em casa pela família.

  5. Eu já passei pela experiência do ENEM e realmente a Lilian está certa em dizer que a leitura é essencial. E não podemos negar que uma das maiores formas para adquirir conhecimento seja a leitura em si, independente de seu veículo.

    Atenciosamente,
    R.S.Merces

  6. É muito bom ver você fazendo valer a ideia de que “quem acredita sempre alcança” Lílian. Fico feliz pelas suas conquistas! E me contento também com os teus fracassos, haja vista que, você sempre os transforma em superação. Parabéns e muito… muito sucesso a você!

  7. Cara Lilian e Portal InfoEnem,

    muito bom o texto! Como escreve a Lilian, a prova exige leitura, mas não somente. Ela mostra também o que significa ser leitor e o que é leitura na sociedade atual. Os vestibulares tradicionais e alguns professores se ressentiram da ausência de “livros indicados para leitura”. Essa indicação tornava mais fácil o processo de confeccionar as provas. Assim como, dava aos professores (de literatura) a tarefa de cobrança desses
    livros, de preparação de resumos e, principalmente, a responsabilização pelo fracasso dos alunos nesses quesitos da prova. A leitura descartável (de alguns livros) era também sinônimo de literatura descartável. Hoje trabalho na maior biblioteca pública do Estado de Sergipe, como Coordenadora de Rodas de Leitura, e vejo cotidianamente pessoas que chegam para doar livros, em sua maioria, que foram indicados para o vestibular. Independente de qual seja o autor, esses pobres livros não merecem nem um lugar nas estantes domésticas, pois já foram “utilizados” e não servirão mais para nada. É isso mesmo, Lilian, leitura é muito mais que isso! Ler em todas as áreas, estimular a leitura por diversos canais e de diversas maneiras maneiras é o papel de todo (bom) professor e das pessoas que pensam. Abraços.

    1. Olá Maria, agradecemos muito pela visita e pelos elogios! Realmente o artigo ficou muito bem escrito, a Lilian está de parabéns!

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