Guia de Profissões 2014: Engenharia de Materiais

Engenharia de Materiais é um curso que envolve a interdisciplinaridade entre física e química para estudo da produção e transformação de materiais. Para isso, é preciso estudar a estrutura, as propriedades (mecânicas, térmicas, elétricas etc) para desempenho de novos materiais ou para utilização de materiais já existentes para fins úteis. As principais áreas são: metais, polímeros, cerâmicos e compósitos.

Para falar mais sobre o curso, a entrevistada de hoje no Guia de Profissões é Alana Gabrieli de Souza, graduanda de Engenharia de Materiais na Universidade Federal do ABC (UFABC).

 
1- Por que escolheu o curso de Engenharia de Materiais?
A escolha de curso não é uma decisão muito simples. A pressão para entrar em uma universidade, em conjunto com a saída do ensino médio e mudança de ambiente acaba resultando em uma confusão muito comum. Quando saí do ensino médio, tinha certeza que gostaria de seguir em Engenharia Ambiental. E segui nesse curso por um ano e meio, até que resolvi pedir transferência entre universidades. Ao ingressar na Universidade Federal do ABC, conheci a engenharia de Materiais, e acabei me identificando. Escolhi seguir nessa área por me apaixonar pelos assuntos a serem abrangidos ao longo do curso e me identificar com uma subárea específica (polímeros). Quando se pensa num curso, em geral tem-se a preocupação de manter-se nessa área ao longo da vida. E a engenharia de materiais me proporcionou um conforto ao saber que irei trabalhar com algo que eu gosto, sendo que, além de precisar, vou me manter na área tendo prazer de permanecer na mesma.

 
2– Na prática, sua visão sobre o curso mudou? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
Acho que sempre muda um pouco, né? Até porque todo mundo acha que o curso vai ser perfeito, até estar envolvido o suficiente para saber que qualquer curso possui dificuldades e aspectos positivos e negativos. Mas é esse o ponto: se mesmo vendo defeitos, você ainda assim se encanta pelo curso, então você está seguindo o caminho certo. Faço iniciação científica (IC) na área de materiais, antes mesmo de fazer determinadas matérias, como nanocompósitos (que é o tema da minha IC), e notei que essa atividade me passa um conhecimento prático que nem sempre é completamente absorvido pelo aluno apenas em sala de aula, pois na IC eu aprendi a ir atrás do que preciso aprender, a pesquisar, a buscar o conhecimento que não possuo, assim como a importância de conhecer pessoas que possuam conhecimento na área e futuramente possam me auxiliar (networking) e acredito que essa inserção na área fez com que eu me interessasse ainda mais.

Estar em contato com polímeros me dá um incentivo a mais para estudar e me dedicar a isso. A expectativa de ver bons resultados e futuramente apresentar os mesmos para a sociedade, em geral, é ótima, vem uma sensação de ansiedade e curiosidade que acabam incentivando a querer e buscar mais. Quando obtive meus primeiros resultados (o que, confesso, não foram exatamente o que eu esperava), fiquei instigada a vê-los logo (só era possível saber se obtive o esperado em microscópio), e ao descobrir que não tinha alcançado o ideal, ao invés de pensar em desistir, pensei em maneiras de mudar a metodologia para atingir meu objetivo, ou seja, gosto tanto do que faço, que um resultado negativo apenas me incentivou mais a continuar buscando conhecimentos e melhores resultados.

Em relação a faculdade no geral, atualmente curso as matérias tradicionais de engenharia (como físicas e cálculos) e logo inicio as mais específicas do meu curso (não vejo a hora!).

 
3 – Quais os principais benefícios e dificuldades de fazer esse curso?
Em relação às dificuldades, a matriz curricular é relativamente pesada. Muito vem do ensino básico e muitas pessoas encontram problemas na matemática, física e química básica. Além disso, o que é apresentado de novo durante o curso pode representar um desafio. O que vale é estar disposto a encarar e superar os desafios que surgirão ao longo da trajetória acadêmica.

Já os benefícios, na minha visão, além do crescimento pessoal oferecido por qualquer curso, vem a ampla área para se especializar. Por exemplo, particularmente, não gosto de cerâmicas, entretanto, adoro polímeros. Posso estudar cerâmicas sem me aprofundar. Além disso, me interesso pela área de nanoestruturas, e o curso também me oferece a oportunidade de estudar e seguir exatamente nessa área. Ou seja, como benefício, vejo a flexibilidade. É possível escolher o que estudar (e futuramente trabalhar) e mesmo assim manter-se nessa área.

 
4- Quais as principais características que você acredita serem necessárias para quem escolher esse curso?
Talvez conhecimentos básicos em química, física e matemática ajudem bastante. Mas com bastante esforço, é possível aprender mesmo com deficiência. Gostar de química e física pode ajudar bastante, pois o curso utiliza muito. A permanência em laboratórios é inevitável, então é indicado que a pessoa consiga se habituar a ficar no laboratório e passar bastante tempo no mesmo, pois tanto em aulas quanto em projetos, e até mesmo mercado de trabalho, existe bastante possibilidade de que haja necessidade de ficar em laboratório. Escrever bem é um diferencial para futuras publicações de artigos e projetos, por exemplo. Quando se faz um projeto, geralmente almeja-se a publicação do mesmo em congressos, anais ou revistas. A boa escrita é fundamental nesse caso. Relações interpessoais são importantes em qualquer área, e apesar de a engenharia de materiais não lidar diretamente com isso, indiretamente faz-se necessário.

 
5- Gostaríamos que você desse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão.
Engenharia é um curso que requer tempo, esforço e dedicação. Minha dica é gostar de aprender. Se dar bem com cálculos e físicas pode ser importante, mas gostar é essencial. Para engenharia de materiais, química também conta bastante. É um mercado de trabalho bastante amplo, dando a liberdade de escolher se quer trabalhar com cerâmicas, metais ou polímeros, entretanto há grande probabilidade de trabalhar em laboratórios, logo, gostar desse ambiente acaba contando bastante na identificação com o curso.

 


Agradecemos à Alana Gabrieli de Souza pela colaboração e ótimas dicas!

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